segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Canção Para Amores Guardados.

Meu piano intocado me deprime. A razão nem é a poeira em suas teclas. Acho que é a partitura jogada por cima dele. Só existem treze notas nessa melodia. E um título jogado ao lado da Clave de Sol. Lá se lê: Canção para os Amores Guardados. Dentre todos meus problemas, acho que esse é o maior. Guardados. Como se não bastasse o fato de eu nunca amar aqueles que posso tocar, eu não os esqueço. E também há as cicatrizes.Cicatrizes que não só me mostram que o passado existiu, mas que também ardem. E arde também meu cérebro, que corre tanto atrás de uma solução... Mas me parece que eu ainda vou ter que trocar muito as pilhas diárias até conseguir um dia esquecer aqueles que me machucam. Ou de escolher alguém que me corte, mas que me possa abraçar. É o mínimo que eu poderia fazer.Das treze notas, três são uma valsa. Para simbolizar a paixão. Que é rápida, agitada, solta, dançante. Outras três são tocadas com leveza. Significam a rotina, pois ela não é agressiva e muito menos comovente. Apenas está lá. As outras sete se assemelham ao início de uma canção russa. Tristes. Melodramáticas. Chegam a arranhar minhas pálpebras, quando eu fecho os olhos ― elas estão lá e necessitam que eu as veja...A culpada sou eu. Eu poderia tocar outra música. Quem sabe o Can Can. Tão contagiante! Mas em minhas raízes eu sei que enquanto houverem as cicatrizes e nenhuma terra à vista nesse incansável mar de decepções, eu continuarei a ser a eterna masoquista.

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