A gente acha que, por
já ter jogado uma ou duas vezes, pega experiência. PAPO.
Mais uma cidade. Novo
ar. Uma casa nova, no mesmo lugar. No entanto, acumulam-se teias de aranha
naqueles cantos da nossa alma que a gente tem medo de mexer. Sempre tive medo
de mudar a ponto de não me reconhecer em escritos antigos, espelhos empoeirados.
Então eu volto ao estado inicial, aquele de anos atrás. A gente sempre acaba
voltando pro cassino. Mas o jogo é outro, mais difícil, imprevisível e com uma
aposta mínima que a gente simplesmente não tem como pagar. É o mundo ensinando
a gente que ainda não deixamos de ser os adolescentes cheios de dúvidas que
éramos. A diferença é que somos maiores que outrora, e em nossas cabeças há
ainda mais espaço para mais e mais questionamentos. Quanto mais claro fica para
mim a noção do que é certo, mais meus pés apontam para o obscuro caminho do
absolutamente desconhecido.
Não posso dizer que
não gosto. Mas também não direi que tem sido simples. E o que é simples, aos
vinte-e-tantos anos?
A gente se sente
velho demais para jogar tudo pra cima e fugir. A gente se vê jovem demais pra
dar o próximo passo sem olhar pra trás. Então a gente fecha os olhos e caminha
até cair. A cada vez que ergo meu corpo, percebo nos pés descalços a textura de
um novo chão, na pele o toque de um vento que vem de outro lugar, e que traz consigo
outros aromas. Um deles, em especial, me captura o olfato, prendendo-me numa
não-intencional caçada sem espingarda em punhos. É o momento em que meu peito
pode ser perfurado pela mais insignificante flecha de papel.
* Na mosca, guria. Na
mosca.
É sua, aquela
silhueta turva dois quarteirões adiante?
Por quê sozinha?
Seria apenas na minha
cabeça?
Tenho acordado de
sonho nenhum, tenho dormido apenas pra ver se paro de sonhar…
… pra variar.
E é tão real, o
pesadelo de perder o discernimento pra sempre.
Mais uma cidade. Novo
ar. Uma casa nova, no mesmo lugar.
O que eu aprendi com
o amor? Palavrões novos.
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