quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Em Tempo.

O mesmo de sempre. Anos passando e as paredes são outras, mas as cortinas tem mais responsabilidades. O mesmo cenário: eu a desabar em texto depois da meia noite. Isto é porque quando algo já tá sufocando demais aqui dentro, eu sinto tanto sentimento que eu acho injusto guardar no peito, algo forte e sincero assim deve ser não meu, só do mundo.


(...) olha só, ando mais organizada. Você lembra daquela menina que adorava doces? Agora me encantam mais os salgados. Também tenho perdido graça por comida congelada, já sei decifrar cervejas e escolher qual meu paladar irá acolher...


Ei, eu tenho uma nova sacada. Mas ela tem uma rede. Ás vezes eu me debruço e enrosco meus dedos nos vãos. Penso que é um jeito de eu não despencar ali em sentimento. Mas me incomoda o fato de que nem sempre consigo ver bem a cidade... tem um prédio na frente do meu. 


A minha cama ainda é a mesma. Guardei um almofada no armário. Mas eu trouxe ela aqui, não me pergunte porque. O edredon tem a mesma cor. Mas é novo. Eu tô tentando mudar. Eu mudei tanto nesses últimos meses. Mas continuo a mesma menina. Aquela que você amava. 


E penso que era um amor tão grande e doce, hoje que entendo bem mais do tempo do que antes, hoje que consigo pesar o tempo de uma forma diferente, não na mulecagem que eu vivia achando que era uma adulta cheia de desgosto... Eu aprendi sobre o tempo. As vezes queria que você tivesse em casa. E vou construindo a minha referência, com plantas parecidas com as que eu via plantadas nos vasos, assim eu construo a minha própria sensatez.


Trouxe uns quadros, ainda não pus na parede. Tenho medo de me pregar. Mas dessa vez vai ser preciso, nem que seja pela força de contrato. Juntei todos os livros com aqueles vasos que você me deu, eu passo o olho por eles e entendo um pouco de minha vida.
Sonhei contigo outro dia. E faz meses que eu ando comendo o mesmo cereal. Alguma coisa eu consegui por de rotina. Me disseram que te viram por aí. Eu acho que você tá sempre sorrindo. E é assim que eu gosto de te imaginar.


Eu penso se a água que cai da tua fonte te faz pensar em mim. E penso se a minha imagem anda borrada, como gota que cai no lago e fica espalhando.


Eu to por ai. Continuo tendo os mesmos medos e saudades, lembrando das mesmas boas histórias e rindo das mesmas coisas.


Acho que falei de tanto sentimento que tudo já se tornou meio banal, eu digo, qualquer coisa que fale pra você. Nem vejo cor de um SMS.


Me pergunto se você precisa. Você precisa?


Um monte de coisa morreu né. Mas eu ainda ando prometendo que vou virar vegetariana, que vou acordar e dormir na mesma hora todos os dias, que vou parar de sofrer com besteiras e dar banho no cachorro.


E lembro do ângulo da tua extensa sacada, quando ela existia. E do vento que batia nas folhas e eu tinha medo. E de tudo que a gente era sem saber que amava sim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário